Capítulo 11
O ambiente como questão global
ESTUDAREMOS NESTE CAPÍTULO:
as aceleradas mudanças provocadas
pelo ser humano no meio em que vive, as quais têm relação com o processo de
dissociação simbólica entre o ser humano e a natureza. A produção e o consumo
de massa, especialmente a partir do século XX, têm degradado o habitat,
destruído diversas espécies da flora e da fauna e comprometido as reservas de
energia do planeta Terra. O custo é a ameaça sobre a vida humana no planeta.
São discutidos, neste capítulo, temas como desenvolvimento capitalista,
sociedade de risco, ação humana, consumismo, desenvolvimento sustentável.
A
relação ser humano-natureza
Se você assistir ao filme A guerra do fogo, do diretor Jean-Jacques Annaud, produzido em
1981, irá perceber o quanto os seres humanos sempre tiveram de enfrentar
riscos, a grande maioria deles de ordem natural: as secas, os terremotos, os
raios, as tempestades, os vulcões, as enchentes. Muitos desses riscos podem,
hoje, por meio do desenvolvimento de técnicas e tecnologias, ser previstos e
ter seus efeitos reduzidos.
Na sociedade de hoje, entretanto,
predominam riscos de outra ordem – são aqueles produzidos ou intensificados
pela própria humanidade. Isso significa que esses riscos estão ligados à forma
como nosso conhecimento aplicado em técnicas e tecnologias se relaciona com a
natureza. Em outras palavras, uma grande ameaça contra a vida humana no planeta
Terra resulta da maneira como empreendemos o desenvolvimento econômico, social,
político, cultural, e o modo como nos organizamos para garantir nossa
sobrevivência.
Em nossa trajetória de ocupação
da Terra, transformamos e temos transformado a natureza. Mesmo antes da
industrialização e da sociedade capitalista, as ações humanas provocaram
mudanças ambientais, porém em ritmo mais lento. A agricultura foi um marco
dessa relação, porque significou a primeira forma de domesticação da natureza.
A partir do século XX, com a produção e o consumo em massa característicos do
sistema fordista – que implicou padronização e produção em larga escala a
preços competitivos –, as mudanças no ambiente se aceleraram e se
intensificaram, por causa da exploração intensiva de recursos naturais. Como
consequência, em frequência e velocidade nunca vistas, espécies da flora e da
fauna foram extintas ou postas em risco, reservas de recursos minerais começaram
a se esgotar e o solo e o subsolo foram degradados.
Nas sociedades que originaram a
civilização ocidental, foi se constituindo, aos poucos, uma visão de
superioridade humana sobre todas as coisas em razão de sua capacidade de
transformá-las mediante o trabalho. Decorreu desse processo a premissa de que
ser humano e natureza são distintos, como se não fizéssemos parte dela.
Desse modo, o ser humano se
encontra alienado como ser natural, isto é, se torna um estranho de si mesmo e
do mundo em que vive, não se reconhecendo neles. A alienação é um fenômeno social de distanciamento, de estranhamento
do indivíduo ou grupo, de uma instituição ou de uma sociedade em relação aos
resultados da própria atividade, a si mesmos, ao contexto em que vivem e a
outros seres humanos.
O resultado da alienação do homem
em relação à natureza são conflitos de diversas ordens: interferências nos
processos de transmissão de conhecimento, desarranjos sociais, desarticulação
das práticas de culturas tradicionais, políticas que promovem a desagregação de
comunidades, entre outros. Em suas reflexões sobre o contexto atual, os
sociólogos Anthony Giddens e Boaventura de Sousa Santos mostram que as
promessas de emancipação social por meio do progresso anunciadas pela
modernidade não se concretizaram. A emancipação social é um conceito-chave na
modernidade ocidental, um ideal de que o progresso histórico das técnicas e
instituições sociais levaria o ser humano a superar a rudeza do trabalho e da
dominação social por ser dotado de vontade e liberdade. Ao contrário do
esperado processo liberador das limitações humanas e sociais, a modernização
acelerada trouxe perigos cada vez mais reais de catástrofes ecológicas, guerras
nucleares, falta de água e de outros riscos à vida.
O custo
a pagar pela cisão entre seres humanos e natureza é a ameaça à existência da
vida humana.
Essa separação ideologicamente
construída entre ser humano e natureza se consolidou principalmente nos dois
últimos séculos. Foi com esse pensamento que os países imperialistas europeus,
sob o pretexto de “civilizar” o mundo, submeteram as populações das Américas,
da África e da Ásia a uma lógica de acumulação (ou crescimento) do capital
econômico, ampliando o capitalismo industrial. Nos séculos XIX e XX, o
conhecimento científico também se tornou utilitário, e a natureza passou a ser
vista como recurso para satisfazer a produção capitalista.
No Brasil, durante o período
colonial, houve um processo de extermínio dos povos indígenas. Em parte, esse
conflito entre os povos que aqui viviam e os portugueses e seus descendentes se
deveu à cobiça pelas terras indígenas e pelos recursos naturais que as
populações nativas controlavam. Colaborou para isso a concepção das missões
religiosas, que viam o indígena como um ser primitivo e herege, determinando
que ele deveria aprender a cultura e os costumes dos “civilizados” – suas
crenças, seu modo de comer, se vestir e se relacionar. Essas práticas
resultaram na desestruturação de sociedades indígenas e na dizimação de muitos
povos.
Mesmo nos séculos XIX e XX, após
a expansão territorial até os limites atuais do país, as populações indígenas
continuaram sendo atingidas de várias maneiras, pois ocorreram diversas ondas
de migrações para o interior do país, impulsionadas tanto pela descoberta de
minerais e metais preciosos quanto pela busca de terras para agricultura e
pecuária. Expedições realizadas pela Amazônia brasileira no último século
mostraram também que os “indígenas civilizados” estavam sendo explorados e
viviam na miséria, situação corrente ainda hoje. Foi somente no início do
século XX que foram criados os primeiros serviços de proteção aos indígenas.
Hoje a Fundação Nacional do Índio (Funai), criada em 1967, é o órgão
governamental responsável pelas disputas de terra e proteção a comunidades
indígenas.
Na cabana de Pindobuçu,
de 1920, óleo sobre tela de Benedito Calixto, retrata o contato entre
diferentes culturas, que interferiu nos costumes dos povos indígenas.
Reprodução/Museu Paulista da
USP, São Paulo, SP.
Atualmente, a terra continua
sendo objeto de conflitos e disputas. A demarcação de áreas destinadas aos
indígenas, no Brasil e em outros países latino-americanos, tem sido postergada
e combatida pelos agricultores, madeireiros, mineradores e outros grupos
sociais.
Entre as consequências da
dizimação dessas populações, podemos citar o desaparecimento de muitas línguas.
Segundo a Unesco, em 1900, havia no mundo cerca de 10 mil línguas; hoje
sobrevivem apenas cerca de 6,7 mil. Um dos problemas desse desaparecimento
consiste na perda de informação cultural e científica, pois com isso também se
perdem saberes das comunidades tradicionais – muitas das quais, ao longo dos
séculos, asseguraram o equilíbrio ambiental por meio do adequado manejo do solo
e do uso consciente de mares e rios. Cada língua – enfim, cada povo e sua
cultura – que se extingue faz desaparecer, entre outros, o conhecimento sobre
plantas medicinais e o equilíbrio de ecossistemas.
Duas indígenas da etnia
Kalapalo (do tronco Karib), moradoras da aldeia Aiha, no Parque Indígena do
Xingu (MT). Na foto à direita, a mulher prepara o polvilho do beiju por meio da
lavagem da massa de mandioca-brava. Apesar das adversidades, muitos povos lutam
para manter vivos sua língua, seus conhecimentos e sua cultura. Fotos de 2011
Um reflexo desta separação entre
natureza e humanidade seria o fracionamento das ciências. Em nome da eficiência
científica, foi criada uma multiplicidade de disciplinas, como a Química, a
Física, a Biologia, etc. No entanto, ao seccionar o ser humano e a natureza em
múltiplas partes (disciplinas científicas), dificultou-se a percepção de uma
interdependência entre essas esferas. Ao ignorarmos essa interdependência,
produzimos efeitos desastrosos tanto no meio ambiente quanto nas populações
humanas.
PAUSA PARA REFLETIR
Leia o texto a seguir,
do biólogo e zoólogo Miguel Rodrigues, no qual ele apela para a preservação de
nossa diversidade biológica. Um dos exemplos mais elucidativos é o dos
levantamentos da biota, que se fazem por ocasião da construção de empreendimentos
hidroelétricos:
À parte de um exército
de zoólogos e botânicos sistematas, poucos demonstram interesse em aproveitar
essa oportunidade única para ampliar o conhecimento sobre nossa diversidade
biológica. Conhecer melhor as doenças de nossos animais e plantas nativos
certamente tem importância estratégica para um país que vem substancialmente
alterando seus hábitats naturais. Estudar a curto, médio e longo prazos os
efeitos dos represamentos causados por esses empreendimentos sobre as
comunidades animais e vegetais são outras oportunidades oferecidas pelo cenário
experimental, provocadas por obras desse tipo. Finalmente, poderíamos
aproveitar a fauna e a flora desalojadas para, pelo menos, fazê-las conhecidas
da maioria do povo, contribuindo por pouco que fosse para elevar o nível de
conhecimento, de educação ambiental e de consciência social das gerações
futuras.
RODRIGUES, Miguel.
Biodiversidade: do planejamento à ação. Ciência & Cultura – temas e
tendências: biodiversidade. Revista da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, ano 55, n. 3, jul./ago./set. 2003, p. 48
Após a leitura, responda às
questões:
1. Qual é o principal argumento
do autor para a preservação de nossa diversidade biológica?
2. Tendo em vista o que você já
aprendeu com os estudos das Ciências Sociais, reflita sobre as implicações da
destruição ambiental para as populações que viviam próximas a locais de
implantação de grandes obras.
Sociedade de risco
Os seres humanos sempre tiveram
de enfrentar muitos riscos para defender-se de ataques externos de outros
humanos (como invasões de salteadores, guerras, saques) ou de intempéries, como
secas, ataques de insetos, terremotos, raios, tempestades, vulcões. Hoje,
muitos riscos naturais podem ser evitados ou atenuados por meio do conhecimento
e de modernas tecnologias. Entretanto, novos riscos – considerados de outra
ordem – emergiram. Isto é, são riscos que foram e continuam sendo criados pela
própria ação humana, por conta, por exemplo, do uso insustentável da água e do
solo: deslizamentos de encostas com soterramentos, desertificação progressiva
de muitas regiões e esgotamento de solos, risco e resíduos nucleares, grandes
enchentes, mortandade e extinção de espécies animais e vegetais, etc.
Moradores retiram seus
pertences após deslizamento de terra que destruiu casas e soterrou ao menos 4
pessoas em Petrópolis, Rio de Janeiro, em março de 2013. A construção irregular
de habitações nas encostas, o desmatamento e a falta de planejamento urbano,
associados à desigualdade social, podem resultar em tragédias pessoais e
problemas sociais.
Marcos de Paula/Estadão Conteúdo/Agência Estado
Os
riscos atuais no ambiente resultam da forma como tem acontecido a intervenção
humana na natureza.
O sociólogo alemão Ulrich Beck
interpretou que as mudanças, nas últimas décadas do século XX, estão nos
levando a uma “sociedade de risco”, na qual os bens coletivos não estão mais
garantidos. Ou seja, a produção social das riquezas é acompanhada pela produção
de riscos sociais e ambientais. Viver em uma sociedade de risco implica viver
uma era de incertezas. Cada vez mais há dificuldades de prever com segurança as
reais ameaças provocadas pelo desenvolvimento e aplicação extensiva de novas
tecnologias e descobertas científicas que, a serviço de interesses econômicos,
podem alterar para sempre a vida no planeta, dificultando a sobrevivência
humana. Nessa perspectiva, Beck critica a Sociologia clássica por achá-la envelhecida
e carente de categorias e formulações capazes de explicar uma realidade contraditória
e em acelerada mudança.
A transição do período
industrial para o período de risco da modernidade ocorre de forma indesejada,
despercebida e compulsiva no despertar do dinamismo autônomo da modernização,
seguindo o padrão dos efeitos colaterais latentes. Pode-se virtualmente dizer
que as constelações de risco são produzidas porque as certezas da sociedade
industrial (o consenso para o progresso ou a abstração dos efeitos e dos riscos
ecológicos) dominam o pensamento e a ação das pessoas e das instituições na
sociedade industrial. A sociedade de risco [...] surge na continuidade dos
processos de modernização autônoma, que são cegos e surdos aos seus efeitos e
ameaças. De maneira cumulativa e latente, estes últimos produzem ameaças que
questionam e finalmente destroem as bases da sociedade industrial.
BECK, Ulrich. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da
modernização reflexiva. In: GIDDENS, A.; BECK, U.; LASH, S. Modernização reflexiva:
política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Ed. da Unesp,
1997. p.16.
Após a Revolução Industrial,
ocorreu um processo de racionalização progressiva da sociedade, na medida em
que a técnica e a ciência invadiram as diversas instituições sociais e as transformaram.
De acordo com o filósofo e sociólogo Jürgen Habermas, a racionalização atinge a
tudo e a todos, quando os sujeitos foram e são dominados pelo discurso da
racionalidade, da eficiência e da competência. O ser humano se torna vítima da
razão técnico-instrumental que é, por outro lado, “irracional”, já que o
domínio sobre a natureza colocou em risco a própria humanidade. Essas condições
da sociedade, concentradas e intensificadas no último século, constituem o que
os cientistas sociais denominam modernização – um processo de mudança social
provocado pelas invenções e inovações da sociedade moderna, cujas
características são a racionalidade da administração, a industrialização, a
burocracia, a urbanização, a tecnologia avançada, etc.
Existem hoje diversos riscos à
saúde, à segurança e ao meio ambiente produzidos pela ação humana. Uma característica
desses riscos é a dificuldade de controlá-los, pois não sabemos como
enfrentá-los e quem responsabilizar por eles. Um exemplo é a doença da vaca
louca, associada à mudança na alimentação do gado (alimentado com ração feita
de farinha dos ossos de animais da mesma espécie) e fruto de causas ainda
desconhecidas ou não pesquisadas. As sementes geneticamente modificadas podem
constituir outro caso de risco, pois há pesquisas afirmando que elas contaminam
plantações não transgênicas, reduzem a variabilidade genética de espécies e
desestruturam ecossistemas. Os riscos ambientais são globais, uma vez que
atingem todas as classes sociais e países, embora não da mesma maneira nem com
a mesma intensidade. As consequências do vazamento em uma usina nuclear, por
exemplo, extrapolam os limites territoriais do país onde ela se localiza.
Diversos problemas de saúde são
associados a questões ambientais, como o câncer de pulmão (muitas vezes
associado à poluição do ar) e o de pele (associado à exposição excessiva ao
sol, agravada pela redução da camada de ozônio). Outros riscos podem advir das
inovações que envolvem a manipulação da matéria, como é o caso da
nanotecnologia – um ramo da ciência que desenvolve estudos e pesquisas de
processos que implicam a manipulação da matéria em escala atômica e molecular,
cujas estruturas medem de 1 a 100 nanômetros. nanômetro: a bilionésima parte de um metro
(10-9 m). Os cientistas
criam, assim, novas substâncias, materiais ou componentes a serem usados em
diversas áreas, permitindo, por sua vez, criar produtos sofisticados, de alta
tecnologia e capacidade, em tamanho muito reduzido.
No que tange à nanotecnologia, os
cientistas alertam que seus riscos deveriam ser cuidadosamente mapeados, o que
ainda não ocorreu. Certas indústrias, como a de cosméticos e a de produção de
roupas sintéticas, a utilizam sem que se tenha investigado as possibilidades de
contaminação dos trabalhadores, uma vez que os atuais equipamentos de proteção
e instalações podem não ser adequados às novas substâncias.
Ao lado, passageiros no
aeroporto internacional da Cidade do México usam máscaras para se proteger de
contaminação durante o surto de gripe A (H1N1), em maio de 2009. Abaixo, em
julho de 2009, pessoas também se protegem com máscaras em fila de hospital no
Rio de Janeiro (RJ). Em tempos de globalização, em que a mobilidade das pessoas
é cada vez maior, a sociedade tem dificuldades em prevenir riscos.
São muitos os efeitos das
mudanças resultantes da relação que os seres humanos estabelecem entre si e com
a natureza que os cerca. É possível, por exemplo, correlacionar o aquecimento
global com a mudança no número e na intensidade dos furacões. O ser humano não
somente se relaciona com o meio ambiente, ele é parte do ecossistema e,
portanto, é também natureza.
PESQUISA
Leia o texto abaixo sobre a
questão das cotas de carbono e anote em seu caderno as ideias principais, que
ajudarão na sua pesquisa. Depois, siga os passos indicados.
Em 1990, a pedido das
Nações Unidas, 2 mil especialistas indicaram num documento conjunto que era
preciso cortar as emissões de dióxido de carbono de 50 a 70%. Significava dizer
adeus a carvão e petróleo, um negócio de US$ 3 trilhões anuais. Seguiram
complexas negociações. Em 1992, na conferência do Rio de Janeiro [ECO-Rio],
aprovava-se o chamado princípio de precaução: “quando houver ameaça de danos
sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser
utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis
para prevenir a degradação ambiental”. Mais de 170 países assinaram. George
Bush, então presidente dos Estados Unidos e pai do atual [em 2006], se recusou:
“o estilo de vida americano não é negociável”, declarou. Cinco anos depois, a
maioria dos governos do planeta estabeleceu em Quioto o que era “economicamente
viável”: o máximo era tentar diminuir as emissões até 2012, mas em 5,2% do
nível acordado em 1990: como apagar um incêndio com conta-gotas. [...] O
protocolo de Quioto entrou em vigor em 2005. Os Estados Unidos não assinaram,
novamente, sob a mesma alegação: “não colocar em risco o estilo de vida
americano”. Embora muitos estados daquele país venham tentando pôr em prática a
diminuição das emissões, a evidência, porém, é que a temperatura do planeta e
os furacões, assim como o estilo de vida, não parecem ser negociáveis.
CASTELFRANCHI, Yurij. Vento de furacão esquenta debate sobre
mudança climática. Ciência & Cultura – temas e tendências: Amazônia,
artigos. Revista da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência, ano 58, n. 3, jul./ago./set. 2006, p. 17.
Com base nessa reflexão, pesquise
outros exemplos, em jornais, revistas e na internet, sobre a degradação
ambiental e o Protocolo de Quioto, assinado em 1997. Formule um texto que
aborde as seguintes questões:
1. Em linhas gerais, qual é o
conteúdo desse documento e que países participaram desse acordo?
2. É correto afirmar que ele
representa um avanço parcial para a humanidade no despertar da consciência
ecológica? Por quê?
3. Você acha que esse protocolo
incentivou pesquisas tecnológicas em busca de alternativas energéticas e do uso
sustentável dos recursos? Dê exemplos encontra- dos em sua pesquisa.
Ecossistemas e globalização
O Brasil é o país que abriga a
maior biodiversidade do planeta e isso aumenta sua responsabilidade na
preservação da Terra e na geração de conhecimento. Faltam, no entanto,
condições básicas de pesquisa e infraestrutura para a exploração sustentada
dessa biodiversidade. Um ecossistema pode ser uma grande área relativamente
homogênea, como a Floresta Amazônica, ou uma pequena planta, como uma bromélia
(que armazena em suas folhas água, sais, compostos orgânicos, inúmeros microrganismos
e insetos). No Brasil, há recursos biológicos, água e diversidade climática,
mas muitos de nossos ecossistemas têm sido alterados e até extintos. A Mata
Atlântica, por exemplo, quase desapareceu por ter sido área de intensa
exploração desde o século XVI e, principalmente, no século XX. O Cerrado é um
bioma brasileiro bastante ameaçado pela expansão do agronegócio. Nas últimas
quatro décadas, acelerou-se o processo de desmatamento, embora essa situação
comece a se modificar, segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), que monitora o desmatamento.
.
Harald von
Radebrecht/ImageBroker/Glow Images
Homem se desloca em
canoa pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, localizada no oeste
do estado do Amazonas. Nela, espécies vegetais e animais são preservadas da
extinção, como o pirarucu, peixe que pode medir mais de 2 metros e pesar 200
quilos, cuja pesca é proibida em alguns períodos do ano. Foto de 2012
Em fevereiro de 2007, um
relatório da ONU, elaborado por 600 cientistas de mais de 40 países, divulgou a
avaliação da saúde da atmosfera. Eles afirmaram que o aquecimento global é causado,
primordialmente, por atividades humanas – entre elas, a queima de petróleo e
derivados, a queima de carvão, queimadas, agricultura em larga escala e
destruição de florestas tropicais –, que levam a uma concentração inédita de
gases do efeito estufa na atmosfera. As temperaturas estão subindo, assim como
o nível dos mares (há estudos apontando que se elevou entre 10 e 20 centímetros
no século XX, processo intensificado ainda mais nas duas últimas décadas). Para
conter esses fenômenos é preciso reduzir os níveis de gases nocivos ao meio ambiente
(dióxido de carbono, metano, clorofluorcarboneto), que são emitidos por
fábricas ou por aparelhos e produtos que utilizamos em nosso cotidiano, como
automóveis, caminhões, ônibus, ar-condicionado, etc.
As
preocupações com a ecologia – ou com o equilíbrio ambiental – introduziram
perspectivas de análise do ambiente baseadas em uma concepção de ciência e
tecnologia mais integrada com a natureza, o ser humano, a sociedade e a
cultura.
O mundo vem se defrontando com
verdadeiros dilemas provocados pelo crescimento da população, pela globalização
da economia e pela degradação ambiental. O desenvolvimento do capitalismo
assume, no momento, uma hegemonia global, isto é, uma supremacia de dominação
social, fenômeno analisado no capítulo 1 e, no plano especificamente cultural e
ideológico, no capítulo 5. Os benefícios do desenvolvimento capitalista, porém,
não se estendem da mesma maneira a todos os povos e países, pois uma parte
considerável da população mundial não tem acesso a eles.
A hegemonia global refere-se ao
poder mais ou menos determinante de dominação, à supremacia de alguns países
sobre outros, no nível das relações internacionais propiciadas pelo sistema
capitalista no mundo. Desse arranjo econômico-político entre os países,
configura-se uma divisão internacional do trabalho em que o perfil de cada país
é determinado em relação ao que produz, seja matéria-prima (madeira, grãos,
minérios, etc.), sejam produtos industrializados, com emprego de mais ou menos
tecnologia, de mão de obra qualificada ou não.
Os países mais desenvolvidos
costumam ser os maiores poluidores, consumidores e exploradores de recursos
naturais, e os países em desenvolvimento têm tido pouca chance de garantir o
equilíbrio ecológico, pois abrigam indústrias sem controles de poluição e se
tornam receptáculos de lixo tóxico. Nesse sentido, a saída para os problemas
mais sérios exige soluções em âmbito mundial que envolvam a solidariedade dos
países ricos em relação aos pobres e novas formas de produzir e consumir no
mundo.
Refinaria de petróleo lança poluentes no céu de San Pedro,
nos Estados Unidos, em foto de 2012.Bret Hartman/Reuters/Latinstock
O desenvolvimento gradual de uma
consciência ecológica, ainda que incipiente, tem levado à busca de soluções
para os problemas ambientais. Tais buscas, no entanto, precisam ser globais
efetivamente, e há dificuldades de os países construírem instituições globais
que sejam eficazes, tanto nas suas proposições de soluções quanto na fiscalização
e regulamentação das relações do ser humano com a natureza.
Diante das dificuldades políticas
e sociais do mundo contemporâneo, provocadas pela globalização da economia, e
da necessidade de soluções globais, constata-se a emergência de lutas sociais
como as dos movimentos ecológicos, por direitos humanos, dos povos indígenas,
das mulheres e dos trabalhadores, estudados no capítulo 8. Muitos desses movimentos
querem dar um sentido político a problemas ecológicos transnacionais, como o
efeito estufa e o buraco na camada de ozônio. Uma das consequências é o
derretimento das calotas polares, como sugere a charge a seguir.
Tirinha
de Laerte, julho de 2008.
Laerte/Acervo do cartunista
A ecologia,
campo interdisciplinar, estuda as interações entre os seres vivos e o meio
ambiente, além das condições necessárias para a reprodução das diferentes
formas de vida.
Todos esses fenômenos de
degradação ambiental implicam a redução do volume de água potável no planeta.
Os exemplos de desertificação de nosso planeta e de seu aquecimento se
multiplicam, como é o caso da Cidade do Cabo, na África do Sul. A ação dos
colonizadores, que, para fins paisagísticos, substituíram a cobertura vegetal
nativa (herbáceo arbustiva) por coníferas da Austrália e da América do Norte no
século XIX, resultou na quebra do equilíbrio hídrico. Ou seja, por consumirem
muito mais água, essas árvores invadiram os mananciais, e se não forem removidas,
em 20 anos a cidade poderá perder 40% do volume de água de sua bacia hidrográfica.
Nesse ritmo, em 40 anos, os rios da Cidade do Cabo secarão. Os movimentos
ambientais que denunciam essas situações de degradação são, em sua maioria,
locais, mas servem de exemplo para mobilizações em outros lugares. Eles tendem
a se alinhar em ações coletivas que reivindicam um trabalho seguro e saudável,
com o objetivo de prevenir malefícios à saúde nas minas, plantações e fábricas.
Um desses movimentos é o de camponeses que se opõem ao crescimento da agricultura
antiecológica recusando-se a utilizar venenos (pesticidas), sementes
transgênicas, etc.
ENCONTRO COM OS CIENTÍSTAS SOCIAIS
Como os riscos ambientais se
apresentam para toda a humanidade, um autor contemporâneo importante como
Ulrich Beck pensa em como a sociedade se “globaliza” também na missão de
enfrentá-los. Leia esta sua interpretação do problema e responda à questão a
seguir, em seu caderno.
Ouve-se continuamente
afirmar que a noção de “sociedade mundial de risco” favorece neologismos e
bloqueia a ação política. O contrário é verdadeiro: como sociedade mundial de
risco, a sociedade se torna reflexiva em um triplo sentido. Em primeiro lugar,
ela se torna tema por si mesma: os perigos globais geram comunidades globais,
antes, se delineiam os contornos de uma esfera pública (virtual) mundial. Em
segundo lugar, é percebida a globalização das auto ameaças produzidas pelo
progresso desde um impulso politicamente orientável à revitalização da política
nacional e à formação e configuração de instituições cooperativas
internacionais. [...] Em terceiro lugar, o político perde os seus limites.
Criam-se constelações de “sub- política” global e direta, que não se ajustam às
coordenações e coalizações da política nacional-estatal e, portanto, a
relativizam. [...] nessa concepção das emergências geradas pela sociedade
mundial de risco podem se delinear os contornos de uma “sociedade civil
mundial”.
BECK, Ulrich. Conditio
humana; il rischio nell`età globale. Roma-Bari: Latterza, 2008. p. 133.
(Tradução livre das autoras.)
• Considerando
que a sociedade moderna, sendo capaz de pensar em si mesma, é reflexiva, busque
nos meios de comunicação de massa exemplos de ações sociais que indiquem como
se dá a cooperação internacional diante de ameaças à vida no planeta, seja em
defesa de espécies animais em extinção, seja diante de catástrofes naturais
como furacões, enchentes, incêndios florestais, tsunamis, terremotos, entre
outras.
Inovação:
benefícios ou malefícios?
1. Inovação
é a introdução, adoção e aplicação de uma nova técnica de produção, controle,
administração, organização ou comunicação. Enfim, trata-se de uma intervenção
em qualquer setor da sociedade que se vale de tecnologia derivada de uma
descoberta ou de uma invenção (como foi a adoção dos microprocessadores na
construção de calculadoras eletrônicas, no final dos anos 1970), ou de uma
técnica inédita em determinada sociedade ou setor produtivo, mesmo que já
existente em outro contexto. Assim, as inovações estão presentes na indústria,
na agricultura, no comércio, na educação, na medicina, na administração do
Estado, na família, no trabalho e no planejamento da cidade. As corporações têm
acelerado a taxa de inovação em numerosos campos da produção e de gestão, como
a automação e a informática. A guerra também é um dos mais ativos fatores de
renovação tecnológica: a indústria bélica estimula testes e experimentos que
envolvem a população civil e alimentam a disputa do poder político entre as
nações. Nesse contexto, as empresas exercem um papel ambíguo. A lógica da
inovação e do consumo faz com que os produtos tenham uma obsolescência
programada, ou seja, logo se transformam em algo descartável, visto que o prazo
de validade é definido antes mesmo de o objeto ser produzido. Ao lado dela,
existe também a obsolescência psíquica, em que a demanda por novos produtos é
causada pela insatisfação do consumi- dor diante da possibilidade de troca por
novidades. Isso tudo faz com que os consumidores sejam grandes produtores de
lixo: desde embalagens e mate- rial publicitário até dejetos resultantes do uso
de produtos geram problemas ambientais de difícil solução. Algumas inovações
causam enormes polêmicas com os ambientalistas. No campo da biotecnologia, por
exemplo, existe a discussão em torno dos transgênicos. Enquanto os laboratórios
produtores afirmam que as sementes geneticamente modificadas aumentam a
produtividade e geram plantas resistentes a pragas, os ambientalistas alegam
que elas causam sérios riscos à sobrevivência do ser humano e do planeta, uma
vez que reduzem a variabilidade das espécies e alteram o ambiente. Sob os
protestos de ativistas e ambienta- listas, em fevereiro de 2008 liberou-se o
plantio e a venda de milho transgênico no Brasil, numa decisão que agradou a um
grupo de multinacionais, grandes produtores rurais e parte da comunidade
científica.
Consumidores alemães aguardam em
fila para comprar um modelo recém-lançado de tablet na cidade de Munique, em
março de 2012.
Desastres
científicos, políticos e de relações públicas na indústria da agrobiotecnologia
Veja a seguir alguns casos ilustrativos
revelados durante um ano de pesquisa divulgada pelo ativista Pat Mooney. Eles
traçam o perfil de como uma inovação e seus derivados podem acarretar problemas
sociais de amplas dimensões, até mesmo éticas.
Janeiro de 2000 Reputação no chão:
Enquanto as delegações se preparavam para uma reunião de biossegurança a
realizar-se em Montreal, Canadá, pesquisadores estadunidenses e venezuelanos
confirmavam (contraria- mente às promessas da indústria) que a toxina Bt no
milho transgênico pode dispersar-se no solo, matando larvas até 25 dias depois
de ter sido liberada.
Fevereiro de 2000 Irresistível:
Cientistas canadenses reconheceram que alguns herbicidas de transnacionais
perderam sua efetividade para exterminar o mato apenas dois ou três anos depois
que um agricultor de Alberta se- meou pela primeira vez as sementes de canola
que essas empresas modificaram geneticamente.
Março de 2000 Vocalizando: Um memorando
do governo dos Estados Unidos, censurado por muito tempo, com data de 1993,
revela uma experiência em que 4 de 20 roedores, alimentados [...] com um tomate
geneticamente modificado, sofreram lesões sérias no estômago.
Abril de 2000 Uma batata quente: Os
produtores estadunidenses de milho evitam o uso de semente geneticamente
modificada, uma vez que suas exportações para a Europa caíram de 2 milhões de
toneladas em um ano a 137 mil toneladas no ano seguinte. O anúncio tornou-se
público quando meios importantes de comunicação informaram que as principais
empresas dedicadas a processar batata e as principais cadeias de fast food
notificaram os plantadores do tubérculo para que evitassem o uso de batatas
geneticamente modificadas.
Maio de 2000 “Seguras”... onde quer que
estejam?: Multinacional informou a representantes do governo estadunidense
sobre uma conformação de DNA não identificado que “aparece misteriosamente” em
suas sementes de soja geneticamente modificadas. A empresa assegurou àqueles
representantes que o DNA desconhecido é seguro (e que não se tratava de um
vírus querendo “passar por morto”). Na Saxônia, um estado da Alemanha, um
pesquisador descobriu que um gene da semente de canola geneticamente modificada
se transferira para uma bactéria e um fungo descobertos no intestino das
abelhas produtoras de mel. A indústria afirmara que essa transferência seria
pouco provável ou mesmo impossível.
Junho de 2000 Homem aranha: Um “gene
saltador” utilizado na engenharia genética rompeu a barreira entre as espécies
pelo menos sete vezes, até mesmo uma entre as moscas e os seres humanos. Se
forem liberados organismos modificados que contenham esse gene promíscuo,
corre-se o perigo de outros saltos inesperados [...].
Julho de 2000 Não existe lugar seguro: As
plantações “refúgio” de milho convencional, que os agricultores semearam perto
dos campos com milho geneticamente modificado, com o objetivo de diminuir a
resistência destes campos a uma toxina bacteriana, simplesmente fracassaram. Os
insetos vulneráveis das plantações “refúgio” recusaram-se a cruzar com os
insetos resistentes, provenientes dos campos geneticamente modifica- dos (no
entanto, o gambá encontrou nos campos modificados um lugar ideal para
reproduzir-se).
Agosto de 2000 Continua a loucura:
Segundo um relatório do Reino Unido, durante o ano 2000 aumentou
significativamente o número de mortes em consequência da doença da vaca louca.
Até agosto daquele ano já ha- viam sido detectadas 15 mortes, em contraste com
as 19 durante todo o ano de 1999. O verdadeiro arroz dourado: Um estudo
realiza- do por uma universidade dos Estados Unidos, que compreende diversas
variedades de arroz, na China e nas Filipinas, mostrou que se diversas
variedades de arroz forem cultivadas paralelamente, o rendimento aumenta 89%,
enquanto as doenças reduzem-se 98%. O estudo conclui que a diversidade
ultrapassa ampla- mente o desempenho das variedades geneticamente modificadas e
homogêneas.
Setembro de 2000 Corrida de “tacos”: Uma
variedade de milho geneticamente modificado, proibida para consumo humano, mas
permitida como forragem, apareceu nas panquecas com que preparam comida rápida
em restaurantes. Essa situação fez com que surgissem novas preocupações com
relação à capacidade da indústria e dos governos de controlar os produtos
geneticamente modificados.
“Segura”... não importa em que parte?:
Pesquisadores estadunidenses fizeram um alerta ante um possível vácuo nas
normas para a biossegurança de plantios geneticamente modificados. Consideraram
os casos do tomate e da batata, em que a regra de
“equivalência substancial” só é válida
para a parte comestível da planta, fazendo caso omisso das mudanças que possam
ocorrer nas raízes e folhas. Advertiram que as alterações genéticas da parte
não comestível poderiam representar riscos para o meio ambiente.
Outubro de 2000 Hipodérmicas com a cara
de Power Ranger: Gigante produtora de cereal matinal fechou uma fábrica, com
medo de que um tipo de milho não permitido e geneticamente modificado tivesse
infectado os cereais produzidos. Devido ao pânico gerado, [...] entre os
consumidores contava-se a piada de que a empresa teria que distribuir, dentro
das caixas de cereais, seringas para tratar os ataques alérgicos, em vez de
bonecos dos Power Rangers ou da Guerra das Galáxias, devido às possíveis
reações das crianças que os consumissem.
Novembro de 2000 Monopolizar não é ético:
A primeira reunião da mesa-redonda sobre ética (um grupo de respeitados
agrônomos e especialistas em ética) [...] concluiu que os plantios
geneticamente modificados são perigosos, que a tecnologia de esterilização de
sementes é imoral, e que a patente sobre genes e outros materiais genéticos
conduz à erosão genética dos plantios e a monopólios inaceitáveis.
Dezembro de 2000 Tentativa de resgatar a
biossegurança: A “biocracia” mundial se reuniu na França para debater a
normatização da biossegurança. Basicamente, o mercado de sementes geneticamente
modificadas, com operações de 2,5 bilhões de dólares americanos, envolve quatro
grandes culturas industriais (soja, milho, algodão e colza-canola), que crescem
em 3 países (Estados Unidos, Argentina e Canadá possuíam, no ano 2000, 98% da
área total de culturas geneticamente modificadas).
Adaptado de MOONEY, Pat. O século XXI:
erosão, transformação tecnológica e concentração do poder empresarial. São Paulo:
Expressão Popular, 2002. p. 151-7.
DEBATE
Em grupos, leiam o texto abaixo,
anotando em seus cadernos as principais ideias do autor. Discutam e redijam
respostas para as perguntas propostas.
Nossa relação com a ciência e a
tecnologia hoje é diferente daquela característica de tempos passados. Na
sociedade ocidental a ciência atuou por cerca de dois séculos como uma espécie
de tradição. Supostamente, o conhecimento científico superava a tradição, mas
de fato ele próprio se transformou em uma, de certo modo. Era algo que a
maioria das pessoas respeitava, mas que permanecia externo às atividades delas.
Os leigos “consultavam” os especialistas. Quanto mais a ciência e a tecnologia
se intrometem em nossas vidas, e o fazem num nível global, menos essa perspectiva
se sustenta. A maioria de nós – incluindo autoridades governamentais e
políticos – tem, e tem de ter, uma relação muito mais ativa ou comprometida com
a ciência e a tecnologia do que antes. Não podemos simplesmente “aceitar” os
acha- dos que os cientistas produzem, para início de conversa por causa da
frequência com que eles discordam uns dos outros, em particular em situações de
risco fabricado. E hoje todos reconhecem o caráter essencialmente fluido da
ciência. Cada vez que uma pessoa decide o que comer, o que tomar de café da
manhã, se café descafeinado ou comum, ela toma uma decisão no contexto de
informações científicas e tecnológicas conflitantes e mutáveis. [...] Seja qual
for nossa perspectiva, vemo-nos envolvidos num problema de administração de risco.
Com a difusão do risco fabricado, os governos não podem fingir que esse tipo de
administração não lhes com- pete. E eles precisam colaborar uns com os outros,
uma vez que muito poucos riscos de novo estilo têm algo a ver com as fronteiras
nacionais. Mas tampouco nós, como pessoas comuns, podemos ignorar esses novos
riscos – ou esperar a chegada de provas científicas conclusivas. Como
consumidores, cada um de nós tem de decidir se vai tentar evitar produtos
geneticamente modificados ou não. Esses riscos, e os dilemas que os envolvem,
penetraram profundamente em nossas vidas cotidianas. [...] mas o equilíbrio de
riscos e perigos se alterou.
GIDDENS, Anthony. Mundo em
descontrole. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 40-4.
1. Analisem os avanços para a humanidade
trazidos pela ciência e reflitam sobre seus impactos no meio ambiente.
2. Relacionem e sistematizem por
escrito, justificando suas respostas:
a) Qual é a relação entre
interesses econômicos e ciência?
b) Qual é a relação entre esses
interesses e o impacto da ciência no meio ambiente? Isso pode ser mudado? Como?
Desenvolvimento capitalista e
meio ambiente
Quando as Ciências Sociais se
referem a desenvolvimento econômico ou de outra natureza, remetem-nos à
trajetória do sistema capitalista de produção, sua difusão e força política em
se manter e se transformar. O desenvolvimento se realiza no espaço global, mas
de modo descontínuo nas diversas nações e regiões do mundo. O cientista
político Elmar Altvater (1938-) mostra que, ao longo das últimas décadas, essa
afirmativa não tem se alterado: os habitantes de um país pobre como a Etiópia
têm uma renda per capita igual a 1/175 da renda per capita de um japonês médio.
O mundo integrado pela globalização, que busca estabelecer um pensamento único
– de inspiração neoliberal, simplificador e justificador das diferenças e
desigualdades sociais –, é, na verdade, um mundo dividido: aumenta cada vez
mais o contraste entre ricos e pobres. O desenvolvimento também pode ser
contrário ao meio ambiente: ambos se encontram em uma relação recíproca, pois
as atividades econômicas transformam o meio, e o ambiente alterado constitui
uma restrição externa ao desenvolvimento econômico, dificultando o
desenvolvimento social. Para exemplificar isso nos reportamos à discussão dos
países reunidos em Copenhague, em dezembro de 2009: eles concordaram sobre os
efeitos da ação humana sobre o clima do planeta, porém não chegaram a um acordo
sobre o percentual que cada país estaria disposto a reduzir quanto à emissão de
poluentes, uma vez que, ao se comprometerem com índices de redução, a atividade
econômica do país poderia ser prejudicada.
O uso
desigual de recursos e serviços ambientais gera reivindicações por justiça
ambiental em várias partes do mundo.
Essas diferenças que levam à exaustão
dos recursos naturais são denominadas “distribuição ecológica”. Há também o
chamado “racismo ambiental”, que ocorre quando certas populações, em especial
as não brancas, são afetadas desproporcionalmente por mudanças ambientais.
Outra variação desse processo é o “dumping ecológico”, ou seja, a instalação de
filiais de empresas poluidoras de determinados países em outros, nos quais as
leis ambientais são menos rígidas. Outros termos aplicados a esses efeitos são:
“dívida ecológica” (quando há requisição de indenização de países ricos sobre
as emissões excessivas de dióxido de carbono), “invasões ecológicas” (termo
aplicado a povos que dependem de recursos de outros territórios) ou ainda
“ambientalismo da pobreza” (referente a conflitos sociais com conteúdo
ecológico, principalmente nas zonas rurais).
Grande parte dos recursos
naturais, considerados bens comuns do ponto de vista ecológico, são limitados e
não renováveis. Em seu processo de desenvolvimento, a sociedade industrial fez
e faz uso deles. Uma vez utiliza- dos, esses recursos não estarão disponíveis uma
segunda vez para as estratégias de desenvolvimento. O ser humano devasta o
planeta ao liberar emissões tóxicas no ar, nas águas e no solo, ao utilizar à
exaustão as fontes energéticas, entre outras atitudes antiecológicas. O
problema, contudo, não está apenas no consumo de fontes de energias, porque a
produção industrial precisa também de “recipientes” – locais de despejo onde os
rejeitos possam ser depositados. O despejo de dejetos como o lixo urbano, o
proveniente das usinas atômicas, o fabril, entre outros, em terrenos
apresenta-se como uma ameaça ao meio ambiente, dada a lenta capacidade de
absorção dos ecos- sistemas. Assim, alguns cientistas identificam uma vagarosa,
mas persistente, crise civilizatória: a percepção dos danos à humanidade
começou muito tarde para reverter esse processo. Crise significa transição,
indeterminação quanto aos processos sociais em diferentes contextos históricos
– econômico, político, cultural. Para Sousa Santos, a crise na sociedade
contemporânea se coloca por não termos soluções modernas para os problemas modernos.
Em um ciclo de dimensões gigantescas, o ser humano passou a ser uma vítima do
uso abusivo dos recursos naturais e da apropriação ilimitada da natureza.
PAUSA PARA REFLETIR
No primeiro semestre de 2007, o
governo brasileiro lançou o programa de biodiesel. Para incentivar a utilização
das plantas nativas das regiões mais pobres, com foco na agricultura familiar,
nem todas as alternativas mostraram-se viáveis. Como obter o biodiesel da
mamona e do dendê, que precisam de recursos do Estado? Restam as culturas
tradicionais do Centro-Sul – a soja, o algodão e o girassol –, sem falar na
cana-de-açúcar, da qual se produz também etanol, no Brasil. Pela adição obrigatória
do biocombustível ao diesel, a partir de 2008, cresce a demanda desses produtos
e os investimentos no setor. Por outro lado, desde 2006, há no mundo um forte
aumento na demanda de alimentos. O grito contra a falta de alimentos vem de países
pobres, como Indonésia, Mongólia, Uzbequistão, Egito, Mauritânia, Moçambique,
Marrocos, Camarões, México, Argentina. O problema não é apenas humanitário e
social, mas político, entre as nações produtoras e exportadoras e seus
interesses de maior ganho. Conforme
reportagem publicada em 2008:
O Banco Mundial propôs um tipo de
New Deal para a Política Global de Alimentos, que incluiria a doação de 500
milhões de dólares dos países ricos para transferências, em dinheiro vivo, às
populações com fome, além da elaboração de programas para uma maior produção
mundial. Porém, tal iniciativa seria emergencial e não toca no problema
central. Falta comida e sobra especulação dos mercados financeiros.
PINHEIRO, Márcia; ATHAYDE,
Phydia. A revolta dos pobres. CartaCapital, 30 abr. 2008, p. 29. New Deal:
programa de injeção de recursos governamentais, de medidas intervencionistas na
economia e de auxílios sociais adotado pelo governo dos Estados Unidos nos anos
1930 para enfrentar a crise econômica.
Considerando o exposto e
informações complementares que você pode pesquisar em veículos impressos ou na
internet, reflita e responda:
1. Há relação entre a falta de
acesso aos alimentos, no mundo, e o agronegócio, como a produção do biodiesel?
2. Como é possível promover desenvolvimento
econômico que assegure renda e em- prego para a população, preserve o ambiente
(redução da poluição, preservação da flora e fauna, da água, do ar) e priorize
a produção de alimentos? Escreva sobre possíveis medidas que poderiam ser
adotadas pelo Estado brasileiro nesse sentido.
Sociedade sustentável: equilíbrio entre ser
humano e natureza?
Como vimos, hoje ocorre um
estranhamento entre ser humano e natureza: o próprio ser humano não se
reconhece como parte dela. Parece ser urgente que se redefina o sentido
atribuído à natureza, o que significa alterar o modo como nos relacionamos com
ela. A forma capitalista de produzir consome matérias-primas e recursos não
renováveis e gera enorme quantidade de lixo para aterros sanitários, que são
insuficientes. Quando o solo, o ar e a água sofrem devastação, quando os seres
humanos estão submetidos à violência de sobreviver com dificuldades, quando há
a incerteza do futuro, tornam-se necessárias mudanças de comportamento e
empenho na busca de soluções, em todos os níveis e áreas, com foco na
coletividade. Atualmente se fala em “paradigma de crescimento verde”, ou seja,
um modelo de conduta estruturado a partir de esforços em agregar ciência,
tecnologia, grupos comunitários e governos para estabelecer objetivos e metas
ambientais para uma política de desenvolvimento sustentável, em que seriam
privilegiados os “empregos verdes”. Estes ocorrem nos setores agrícola,
industrial, de pesquisa e desenvolvimento (P&D), administrativo e de
serviços, no sentido de preservar e restaurar a qualidade do meio ambiente. Os
defensores dos “empregos verdes” argumentam que eles ajudam a proteger os
ecossistemas e a biodiversidade; reduzem o consumo de energia, materiais e água
mediante a utilização de estratégias de alta eficácia; minimizam ou evitam a
geração de todas as formas de lixo e poluição.
A ecologia é um aprendizado que
envolve o meio ambiente (natural) propriamente dito, as relações sociais e a
subjetividade humana, segundo o filósofo francês Pierre-Félix Guattari (1930-1992).
Essa concepção abrangente da natureza do
ser humano, como ser cultural e também natural, está na base das teorias por um
desenvolvimento sustentável pós-consumista, ou seja, não desperdiçador. Nesse
sentido, a sustentabilidade é uma aposta: a capacidade de se desenvolver com
sustentação significa necessidade de renovação e fortalecimento de tudo o que
mantém a vida.
Reflexões sobre o ambiente e a
relação homem-natureza afirmam a premência de amadurecer uma consciência social
do equilíbrio humano com a natureza.
Uma sociedade sustentável tem se
tornado uma necessidade e pede uma nova ética. Essa ética ambiental gera uma
consciência dos valores sociais primordiais: ecológicos, genéticos, sociais,
econômicos, científicos, educacionais e culturais. É fundamental recordar o
fato de que somos indivíduos numa coletividade. Morin propõe o desenvolvimento
de uma ética que res- peite as três dimensões interligadas e a essa perspectiva
de preservação do gênero humano, chama “ecoética” – uma ética ecológica, fruto
da relação respeitosa e responsável dos homens com o planeta. A proposta é uma
cidadania terrestre. Numa atitude ética, sustentada na responsabilidade das
partes e entre as partes que integram a sociedade, vivem-se princípios e
valores que podem levar a uma crescente autonomia, permitindo aos indivíduos e
grupos sociais fazer suas escolhas e exercer um controle democrático sobre as
instituições e organizações da sociedade. Assim, pesquisas sobre o ambiente e a
relação homem-natureza apontam ser necessário investir no desenvolvimento do
ser humano, mais que no desenvolvimento da riqueza do ser humano. Ainda que
atitudes visando o consumo sustentável, o incentivo aos pro- dutos orgânicos, a
redução do desperdício e o reaproveitamento de mate- riais sejam importantes,
individual e coletivamente, sabemos que tais atitudes, de forma isolada, não
darão conta de reverter os processos de devastação e degradação da natureza e,
muito menos, garantir a preservação e a conservação dos ecossistemas. Também as
comunidades que dependem direta- mente ou têm uma relação mais próxima com a
natureza, dela obtendo seu sustento, precisam ser consideradas quando se
realizam obras de grande impacto ambiental, por exemplo. A disputa de poder e
de mercado entre países que procuram o desenvolvimento econômico a qualquer
custo, assim como entre empresas que produzem em larga escala e de forma
predatória – como é o caso de algumas ligadas à agroindústria, agropecuária e
vários outros ramos industriais –, geram consequências sociais que em geral não
são contabilizadas no custo da produção. Os interesses econômicos e políticos,
ao se sobreporem às questões sociais e ambientais, dificultam a implementação
de soluções mais eficientes em âmbito global, como podemos compreender ao
pesquisarmos sobre as diversas conferências internacionais sobre clima, meio
ambiente e desenvolvimento sustentável, como a Eco-92 ou a Rio+20.
PESQUISA 1
Fruto da preocupação com questões
socioambientais e ambientais, a ONU realizou uma conferência para o desenvolvimento
sustentável, chama- da Rio+20, que ocorreu no Brasil, em 2012. Os países
participantes debateram sobre a questão ambiental e, ao final, foi redigido um
documento, uma espécie de carta de intenções com orientações a serem adotadas
pelos países.
• Considerando
o exposto no capítulo, faça uma busca na internet sobre a conferência Rio+20.
Depois de ler o material obtido, realize uma síntese dos objetivos do evento,
suas principais resoluções, seus pontos positivos e negativos com relação à
busca por melhoria das relações entre desenvolvimento e meio ambiente. Em
classe, destaquem e discutam os pontos que vocês consideram mais relevantes em
termos de avanços nas discussões sobre a relação sociedade-natureza e aqueles
que vocês entendem como as principais dificuldades a serem superadas.
PESQUISA 2
Faça uma pesquisa em revistas,
jornais e na internet sobre casos de degradação ambiental no Brasil de hoje.
Cite pelo menos três exemplos atuais, relacionando os problemas causados e os
atores sociais responsáveis por eles.
Diálogos interdisciplinares
Ao longo deste capítulo
exploramos as relações do ser humano com o meio ambiente e vimos que elas podem
muitas vezes ser nocivas, em especial na sociedade contemporânea. Neste projeto
interdisciplinar, vocês utilizarão conhecimentos das Ciências Sociais, da
Biologia e da Geografia para construir uma maquete. A ideia é ilustrar um
processo de mudança ambiental e climática causada ou agravada por interação ser
humano-natureza, propondo possíveis soluções.
a) Em grupo, escolham um
ecossistema ou bioma que vem sendo ameaçado na sua região ou no estado onde
vocês moram. Relembrem o que aprenderam nas aulas de Biologia e Geografia sobre
como esse ecossistema funciona.
b) Façam uma pesquisa em fontes
bibliográficas e na internet sobre os riscos e as ameaças a esse ecossistema
e/ou bioma. Pesquisem também sobre a vida das populações na região ameaçada.
c) Utilizando material
reciclável, construam uma maquete que mostre:
• O
funcionamento do ecossistema ou bioma escolhido;
• As
interações humanas em alguns de seus processos e o efeito disso;
• A
relação da população da região com o problema.
d) Incluam na maquete uma
demonstração de como este problema pode ser resolvido, possivelmente apontando
mais de uma solução.
e) Apresentem o resultado do
trabalho ao resto da classe (ou a outras turmas da escola).
REVISAR E
SISTEMATISAR
1. Caracterize a relação ser
humano-natureza nas sociedades ocidentais contemporâneas.
2. Quais são algumas das ameaças
ao meio ambiente produzidas pela ação do ser humano atualmente? Dê exemplos.
3. Segundo Ulrich Beck, vivemos
em uma “sociedade de riscos”. Explique essa expressão e responda a que riscos o
autor se refere.
4. Toda inovação é considerada
benéfica? Justifique sua resposta.
5. Qual é o significado de
desenvolvimento sustentável? De que forma se- ria possível promovê-lo?
Conceitos-chave:
Alienação, emancipação social, sociedade de risco,
racionalização, modernização, hegemonia, inovação, desenvolvimento, crise.
Descubra mais:
As Ciências Sociais na biblioteca
HARE, Tony. Reciclagem. São Paulo: Melhoramentos, 1991. Reflexão sobre o
desperdício e o consumismo desenfreado.
JAMES, Bárbara. Lixo e
reciclagem. São Paulo: Scipione, 1992. O acúmulo de lixo é um problema para a
sociedade organizada e medidas precisam ser adotadas.
MUNDURUKU, Daniel. Contos
indígenas brasileiros. São Paulo: Global, 2004. Contos míticos que representam
a trajetória de diversos povos indígenas.
As Ciências Sociais no cinema
Dersu Uzala, 1975, União Soviética/Japão, direção de Akira Kurosawa. Dersu
Uzala é um caçador que vive nas florestas da Sibéria em comunhão com a natureza.
Erin Brockovich – uma mulher de
talento, 2000, Estados Unidos, direção de Steven Soderbergh. A luta de uma
mulher para que uma indústria indenize a população de uma cidade, intoxicada
por dejetos industriais.
Estamira, 2004, Brasil, direção
de Marcos Prado. Neste documentário o autor discute a capacidade criativa, a
partir da utilização da fantasia. Estamira, a personagem do título, é uma
mulher de 63 anos, diagnosticada como esquizofrênica, que vive em um lixão na
cidade do Rio de Janeiro. Com um vocabulário próprio, repleto de poesia,
Estamira narra a sua luta com o “Trocadilho”, a face perversa de Deus.
Ilha das flores, 1989, Brasil,
direção de Jorge Furtado. A realidade das pessoas em um lixão denunciada pela
trajetória didática de um tomate.
O futuro da comida, 2004, Estados
Unidos, direção de Deborah Koons Garcia. Filmado nos Estados Unidos, no Canadá
e no México, mostra como a política e as multinacionais ocidentais estão
controlando o sistema de comida no mundo, fazendo que mudemos nossos hábitos
alimentares.
O veneno está na mesa, 2012,
Brasil, direção de Sílvio Tendler. O Brasil é o país do mundo que mais consome
agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas
e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que
representam à saúde pública, tanto dos trabalhadores quanto dos consumidores,
como mostra o filme.
Uma verdade inconveniente, 2006,
Estados Unidos, direção de Davis Guggenheim. Documentário que discute o
aquecimento global e os impactos sobre a vida no planeta.
As Ciências Sociais na rede
Agência Nacional de Águas – ANA. Disponível em: . Acesso
em: 28 fev. 2013. Site com notícias, atlas, vídeos e biblioteca virtual sobre
regiões hidrográficas brasileiras e abasteci- mento urbano de águas.
Centro de Previsão do Tempo e
Estudos Climáticos – CPTEC. Disponível em: .
Acesso em: 28 fev. 2013. Site do Ministério da Ciência e Tecnologia e do
Ministério do Meio Ambiente que monitora, em tempo real por satélite, os focos
de queimadas no Brasil.
Instituto Socioambiental – ISA.
Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2013. É
possível pesquisar informações sobre meio ambiente e povos indígenas no Brasil.
Ministério do Meio Ambiente.
Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2013. Site do governo
federal que cuida das questões ambientais do país.
Organização das Nações Unidas
para Alimentos e Agricultura – FAO. Disponível em: . Acesso
em: 28 fev. 2013. Site da Organização das Nações Unidas com informações e
vídeos sobre os recursos naturais e seu uso no mundo.
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riqueza: pilhagem ambiental e a nova (des)ordem mundial. São Paulo: Ed. da
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política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: GIDDENS, A.; BECK,
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econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.
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dos ecossistemas à ecopoesia: achegas para o seu traçado. In: BURSZTYN, Marcel
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SOUSA SANTOS, Boaventura de. O norte, o sul e a
utopia. In: _. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade
Com base nessa reflexão, pesquise outros exemplos, em jornais, revistas e na internet, sobre a degradação ambiental e o Protocolo de Quioto, assinado em 1997. Formule um texto que aborde as seguintes questões:
ResponderExcluir1. Em linhas gerais, qual é o conteúdo desse documento e que países participaram desse acordo?
2. É correto afirmar que ele representa um avanço parcial para a humanidade no despertar da consciência ecológica? Por quê?
3. Você acha que esse protocolo incentivou pesquisas tecnológicas em busca de alternativas energéticas e do uso sustentável dos recursos? Dê exemplos encontra- dos em sua pesquisa.
ALGUÉM PODERIA ME RESPONDER?
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